Morto aos 80 anos no Rio de Janeiro, em razão de complicações causadas por uma hemorragia digestiva, Chico Anysio deixa um legado para o humor nacional. No entanto, o cearense de Maranguape também manteve uma ligação íntima com o futebol ao longo de sua vida profissional. Vascaíno apaixonado, a estrela da Rede Globo esteve presente junto ao seu esporte preferido de diversas formas.
Na televisão, adicionou ao seu numeroso repertório de personagens o boleirão Coalhada. Atleta estrábico, de cabelos encaracolados, a caricatura de jogador de futebol criada por Chico Anysio vivia contando vantagens de sua condição de craque. No entanto, enfrentava o rótulo de perna-de-pau e cobranças insistentes de torcedores e comentaristas.
A verve de comentarista fez Chico Anysio emprestar sua opinião em momentos importantes do futebol nacional. Neste papel, mesmo em tempos da lei do politicamente correto, não passou incólume.
No comentário que provocou bastante repercussão, o comediante resvalou na questão racial ao relembrar o “vilão” do Brasil no vice-campeonato mundial de 1950: “Não tenho confiança em goleiro negro. O último foi Barbosa, de triste memória na seleção”.
Pra quem torcia?
Chico Anysio gostava e entendia tanto de futebol que conseguia ser um bom advogado de defesa para as trocas de camisa que já fez como torcedor. Ele não entendia por que se critica tanto quem resolve torcer para outro clube.
- Eu acho o seguinte: você muda de mulher e não é vira-leito. Você muda de rua e não é vira-placa. Você muda de fé e não é vira-cruz. Quando muda de time, é vira-casaca. Por quê? Eu estou Vasco. Se o Vasco fizer uma grande sacanagem com alguém amanhã, eu deixo de ser. Imediatamente - disse o humorista, que já foi comentarista de futebol na Rádio Tupi.
Uma das mudanças de time do hurmorista aconteceu em plena viagem, quando voltava de carro de Piraí, escutando o jogo do América. Daí em diante, não trocou mais.
- No dia seguinte, ele me falou: "Vou ficar. O presidente disse que só saio do Flamengo quando ele sair." Era o Fadel Fadel. O Flamengo viajou para a Espanha. Quando Don Fleitas chegou no hotel, tinha um telegrama para ele, o dispensando. Aí, pensei: como um clube tem um presidente que dispensa um técnico sem coragem de falar no olho dele? Esse time é muito pequeno para mim. Vou tirar tudo de sujo que tem na camisa. Aí, virei América. Então, tudo tem um motivo. Depois que deixei de ser América, voltei a ser Vasco e não mudei mais. Fui muito bem recebido de volta, ninguém me chamou de vira-casaca. E o time do meu fundinho do meu coração é o Palmeiras - afirmou, mostrando, no entanto, a camisa personalizada que ganhou do presidente cruz-maltino, Roberto Dinamite.
Fontes: GLOBOESPORTE.COM e UOL
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