Após a derrota por 3 a 1 para o All Boys, o Boca Juniors saiu calado do estádio Islas Malvinas. Todos os jogadores entraram no ônibus e partiram. Logo atrás, discretamente, um homem de jaqueta com uma sacola nas mãos saiu caminhando pelas ruas em torno do estádio.
Era ninguém menos do que Julio César Falcioni, técnico do time finalista da Taça Libertadores. Inicialmente, ele foi acompanhado por alguns jornalistas, que desistiram depois de alguns metros. Menos o GLOBOESPORTE.COM. Curiosa para saber o destino do treinador, a reportagem seguiu seus passos. Atencioso, Falcioni parou para tirar foto até com uma policial, ultrapassou a barreira de isolamento e encontrou seu carro o esperando.
O técnico mora perto do estádio do All Boys. Ele guardou sua sacola no veículo e, muito educadamente, aceitou responder algumas perguntas ali mesmo. No meio da rua. Rasgou elogios ao Corinthians, à montagem da equipe de Tite, mas garantiu que seus jogadores estão bem preparados para começar a decidir o título na Bombonera, nesta quarta-feira.
– Tite armou uma grande equipe, tem disputado uma Libertadores muito boa até chegar à final. É um time compacto, rápido, seguramente merece estar na decisão, assim como o Boca – disse o treinador.
O domingo foi de muito trabalho para Falcioni. Pela manhã, ele comandou um treino na Casa Amarilla, em que os titulares, que estarão em campo na quarta-feira, mantiveram-se em atividade, já que, à tarde, reservas e garotos disputaram a última rodada do Campeonato Argentino contra o All Boys. O técnico admite que, por ter de dividir atenções, já que o Boca manteve chance de título até a rodada final, o Corinthians vai passar a ser centro total das atenções apenas a partir desta segunda-feira.
– Os jogadores estão muito bem, fizeram um trabalho no ginásio, mas agora vamos poder ajustar algumas situações e falar mais do Corinthians. Esse compromisso do campeonato era importante e tínhamos que cumpri-lo.
Hexacampeão, o Boca pode se igualar ao Independiente como maior vencedor da Libertadores em todos os tempos. Além disso, a decisão contra o Corinthians será a última de Riquelme, segundo o próprio camisa 10 anunciou, e também pode marcar a aposentadoria do zagueiro Schiavi, de 39 anos. Os dois são ídolos do clube da Bombonera.
Situação que torna ainda mais importantes as duas partidas e justifica a opção de Falcioni por um time alternativo na última rodada do Clausura. Riquelme até foi ao estádio Islas Malvinas junto com a delegação, voltou no ônibus com os demais jogadores, tudo isso no dia em que completou 34 anos. Mas o foco de todos é o hepta continental.
– É especial por tudo que representa. Coroa a melhor equipe da América do Sul e por isso há tanto interesse antes. É o nosso torneio mais importante. Para o Boca, é um orgulho estar na final – exaltou.
Falcioni tem 55 anos e, assim como o Corinthians, jamais conquistou a Libertadores, como técnico ou jogador - foi goleiro até 1992. Mas ele descarta vantagem de seu time graças ao currículo. Nas próximas quartas-feiras, o invejável acervo do Boca não entrará em campo. É o que garante o professor.
– Temos história na Libertadores, mas jogamos o presente, não o passado. Teremos de fazer nosso melhor para ganhar a Copa. Temos uma equipe muito boa, assim como o Corinthians.
Enquanto alguns jogadores, como Riquelme, já admitiram conhecer pouco o futebol dos brasileiros, Falcioni assegura estar tão bem informado quanto Tite. No último sábado, o GLOBOESPORTE.COM flagrou o auxiliar do técnico brasileiro, Mauro da Silva, nas ruas de Buenos Aires. Ele é o “espião” oficial do Boca, acompanhou inclusive a semifinal contra a Universidad (CHI), em Santiago.
Do outro lado, a comissão técnica jura estar bem preparada e recheada de informações sobre Danilo, Emerson Sheik, Cássio, Paulinho e companhia.
– Vimos (o time) em toda fase de grupos, depois nas eliminatórias frente a Vasco e Santos. Merece estar na final, é uma equipe muito rápida.
Fonte: Globoesporte.com